terça-feira, 15 de novembro de 2016

O homem que atravessou o rio

Já havia entrado na multinacional e me sentia um pouco sozinho. Estava ganhando razoavelmente bem para a minha idade, e então resolvi me inscrever em um site de relacionamentos. Paguei para ter acesso total durante seis meses, e durante esse tempo conheci algumas pessoas. Tentei voltar às aulas em são paulo, e nesse mesmo período (segundo semestre de 2011) tentava de todas as formas possíveis fazer algum dinheiro que pudesse me ajudar nos gastos. Eu havia passado por uma situação no ano anterior que nunca imaginaria passar!

Durante os períodos que estive no conservatório, eu tentava não gastar os vales alimentação que recebia de minha mãe... Aliás, ela foi a pessoa que mais me ajudou durante o ano de 2010: consegui, depois de algum tempo, reduzir em 75% os gastos que teria com as aulas de harpa, porém ela deixava de comprar comida para pagar o ônibus de campinasXsão paulo para que eu pudesse estudar. O que ela recebia de vale alimentação, deixava mais da metade comigo para que eu pudesse comer em são paulo durante os dias que estaria por lá (quatro vezes por semana, pra estudar apenas alguns minutos por dia - saía de campinas às $:30h e voltava às 21:30). Quando chegava em são paulo, às 7:30h, descia na estação sumaré e tinha que ir à pé até a estação vergueiro, fazia minhas aulas de 30 minutos e esperava até as 16h, voltava à pé para a estação sumaré e então voltava pra campinas. Quando não conseguia andar, vendia meus vales para conseguir dinheiro do metrô, e então ficava um dia inteiro sem comer. Pra não ficar sem comer, sempre dava um jeito de dormir na sala de estudos de um dia para o outro (usando a capa da harpa como cobertor e os livros/partituras como travesseiro), e quando não conseguia, dormia no centro cultural vergueiro, debaixo dos bancos. Recebi ajuda de um casal gay e de uma prostituta, que eu sempre julgara, e a igreja que eu estava frequentando não me deixou nem ao menos lavar banheiro para conseguir um dinheiro a mais. Nesse período, acabei beijando, por acidente, um homem em abril de 2011... e havia sido meu primeiro beijo em toda a minha vida! Enfim, outros assuntos...

Não quis passar, no segundo semestre de 2011, pelos mesmos problemas do ano anterior, e então comecei a procurar alguém para me relacionar... homem ou mulher... Foi quando conheci algumas pessoas interessantes e, entre elas, meu primeiro namorado: o Guto. Psicologicamente, o meu oposto extremo, mas era o que me atraía naquele momento. Não percebia que eu estava agindo e pensando de forma diferente porque o que eu estava fazendo dos meus dias estava me fazendo bem, mas aos poucos fui perdendo minha essência. Foi então que percebi que depois que o homem atravessa um rio, o homem não é mais o mesmo, assim como as águas do rio.