quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Além dos muros...

Já ouvi algumas pessoas dizendo que eu criei uma barreira impenetrável quando se trata de aproximação sentimental. Não que eu tenha criado isso, mas talvez tenha levado tanto tapa na cara que prefiro prevenir a remediar. Principalmente se eu for diretamente prejudicado.

Digo isso porque tudo começou devagar, mas constante. Pedi pra limpar privadas na igreja que frequentei por mais de vinte anos ( e alguns 15 anos ou mais tocando na orquestra ) e fui rejeitado. Ainda levei advertência na época por tocar rock music em bares de campinas. Ao invés de dormir na rua durante minhas aulas de harpa em São Paulo, dormia na cama de uma prostituta que, muito amigavelmente, oferecia a casa dela enquanto saía para trabalhar à noite. Comia marmita feita por casais homossexuais, coisa que eu sempre havia rejeitado e humilhado...

Pisei em algumas pessoas também. Sem citar nomes, poderia comentar como fui a São Paulo pra conhecer uma pessoa que, ao me ver pessoalmente, ligou para o psicólogo para tomar uma decisão coerente ao que estava acontecendo. Alguns meses depois, logo que ele se mudou para Águas de São Pedro, eu voltei a campinas com todas as chaves dele (casa, portão, carro, loja...). Achei mais divertido não devolver pelo constrangimento que me fez passar enquanto falava com o psicólogo dele na minha frente...

Também cheguei a ir a Santa Maria, RS, cidade fatídica do acidente da boate KISS. Estava gostando e muito de tudo o que acontecia, porém a pessoa resolveu que a religião o preenchia e não mais precisava de mim. Fiquei sabendo algum tempo depois que ele havia casado. Fiquei feliz! Mas quando ele resolveu pular a cerca novamente comigo mandando "nudes" (na época, era por SMS mesmo...), eu resolvi encaminhar diretamente para a esposa e pastor... ou joga num time, ou no outro...

O pior veio em 2012... período da unicamp.... conheci um cantor lírico ( ou um aspirante a ). Até que cantava bem, mas reclamava por erros medíocres que ele mesmo cometia em relação a afinação e ritmo. No dia que resolvi firmar namoro e dar uma aliança a ele, eu descobri que ele estava me traindo com outra pessoa... E o que fazer com as alianças que estavam no meu bolso? O que veio depois disso em relação a minha vida amorosa só piorou a forma como me protejo a futuras frustrações...


terça-feira, 15 de novembro de 2016

O homem que atravessou o rio

Já havia entrado na multinacional e me sentia um pouco sozinho. Estava ganhando razoavelmente bem para a minha idade, e então resolvi me inscrever em um site de relacionamentos. Paguei para ter acesso total durante seis meses, e durante esse tempo conheci algumas pessoas. Tentei voltar às aulas em são paulo, e nesse mesmo período (segundo semestre de 2011) tentava de todas as formas possíveis fazer algum dinheiro que pudesse me ajudar nos gastos. Eu havia passado por uma situação no ano anterior que nunca imaginaria passar!

Durante os períodos que estive no conservatório, eu tentava não gastar os vales alimentação que recebia de minha mãe... Aliás, ela foi a pessoa que mais me ajudou durante o ano de 2010: consegui, depois de algum tempo, reduzir em 75% os gastos que teria com as aulas de harpa, porém ela deixava de comprar comida para pagar o ônibus de campinasXsão paulo para que eu pudesse estudar. O que ela recebia de vale alimentação, deixava mais da metade comigo para que eu pudesse comer em são paulo durante os dias que estaria por lá (quatro vezes por semana, pra estudar apenas alguns minutos por dia - saía de campinas às $:30h e voltava às 21:30). Quando chegava em são paulo, às 7:30h, descia na estação sumaré e tinha que ir à pé até a estação vergueiro, fazia minhas aulas de 30 minutos e esperava até as 16h, voltava à pé para a estação sumaré e então voltava pra campinas. Quando não conseguia andar, vendia meus vales para conseguir dinheiro do metrô, e então ficava um dia inteiro sem comer. Pra não ficar sem comer, sempre dava um jeito de dormir na sala de estudos de um dia para o outro (usando a capa da harpa como cobertor e os livros/partituras como travesseiro), e quando não conseguia, dormia no centro cultural vergueiro, debaixo dos bancos. Recebi ajuda de um casal gay e de uma prostituta, que eu sempre julgara, e a igreja que eu estava frequentando não me deixou nem ao menos lavar banheiro para conseguir um dinheiro a mais. Nesse período, acabei beijando, por acidente, um homem em abril de 2011... e havia sido meu primeiro beijo em toda a minha vida! Enfim, outros assuntos...

Não quis passar, no segundo semestre de 2011, pelos mesmos problemas do ano anterior, e então comecei a procurar alguém para me relacionar... homem ou mulher... Foi quando conheci algumas pessoas interessantes e, entre elas, meu primeiro namorado: o Guto. Psicologicamente, o meu oposto extremo, mas era o que me atraía naquele momento. Não percebia que eu estava agindo e pensando de forma diferente porque o que eu estava fazendo dos meus dias estava me fazendo bem, mas aos poucos fui perdendo minha essência. Foi então que percebi que depois que o homem atravessa um rio, o homem não é mais o mesmo, assim como as águas do rio.


sexta-feira, 15 de julho de 2016

Uma nova vida

17 de julho de 2011. Havia recebido uma ligação pedindo que eu fosse fazer exames admissionais para meu novo emprego. Minha consulta estava agendada para o dia 18 de julho de 2011. No fundo, não queria abrir mão do que eu já havia conquistado até então, e cismava em ver meus sonhos escorrendo por entre meus dedos, sem poder fazer nada para impedir. Nunca havia bebido tanto quanto naquela noite, e fiquei acordado, levemente embriagado, jogado no canto do meu pequeno quarto. Chorei.

Na manhã seguinte, minha mãe me encontrou, distante. Entrou em desespero, pois ela estava começando um novo emprego e não queria ter que abrir mão do seu trabalho pra dar atenção a mim e, nesse momento não pensado, resolveu ligar para minha irmã para que viesse até meu apartamento para que ficasse comigo, pois eu "estava num momento de conflito interno" e não queria me deixar sozinho. Minha irmã chegou minutos depois com meu sobrinho, deixou meu sobrinho brincando na sala e veio "conversar" comigo.

Depois dessa pequena conversa, eu jurei a mim mesmo que ninguém iria me fazer sentir novamente o que ela fez. Eu me senti o lixo da humanidade com tudo o que ela havia me falado (sem saber que o pior ainda estava por vir).

Levantei, me recompus e arrumei minhas coisas. dia 19 de julho de 2011 estava fazendo meus exames admissionais e comecei a trabalhar numa multinacional, filiada à outra empresa nacional. A partir de então, não percebia que eu era outra pessoa...

Meu mundo - quase - perfeito...

2011 começou e eu não aguentava mais trabalhar e estudar harpa. Tinha que escolher entre uma ou outra coisa. Era basicamente ter que escolher entre a razão e a emoção, comer miojo com colher ou tomar sopa com garfo. Pra ajudar, Denis ainda havia me colocado uma nova situação: seu pai estava com problemas cardíacos e ele (Denis) precisaria ir até Porto Alegre pra vender uma das casas da família para dar continuidade ao tratamento. Ele me disse que logo estaria de volta, e eu acreditei...

Foi em Porto Alegre que ele entrou em contato comigo, dizendo que sua irmã foi passar uns dias em sua casa em São Paulo e precisou acessar o email dela pelo computador. Ao entrar no email, sem querer abriu a caixa de entrada do email do Denis, e ali estavam todas as mensagens que trocamos, pois ele havia salvo como mensagem de email. Ela entrou em desespero e ligou para ele imediatamente, o qual voltou a São Paulo com urgência. Depois de algumas discussões com sua irmã, eles decidiram que ele deixaria de manter contato comigo para que ela não contasse nada para os pais, já que o pai dele estava numa situação delicada. Eu consenti.

Passei o primeiro semestre de 2011 sem saber o que fazer. Não conseguia estudar harpa, não estava mais trabalhando no banco, não sabia o que estava sentindo por outra pessoa (não conseguia me entender sexualmente). Minha vida tinha virado do avesso, literalmente. Pra ajudar, minha mãe estava sendo desligada do seu antigo emprego, e isso fez com que eu me sentisse totalmente responsável pelos deveres da casa. Comecei, então, a correr atrás de algum emprego. Foi, então, quando nasci novamente...

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Falsa Descoberta

Final de 2010. Termino o primeiro ano de harpa, sofrendo muito porque tinha terminado o primeiro semestre e ainda não havia digerido muito bem o que aconteceu comigo em questões emocionais, financeiras e físicas. Meu corpo não estava reagindo a tanta pressão e ansiedade por aprender um instrumento que eu tanto almejei, mas não conseguia mais encontrar fontes de energia pra continuar. Aproximadamente em julho eu consegui um emprego no antigo Banco Real. Era algo que me ajudava bastante na questão financeira, mas ainda não era o que eu realmente queria. Eu tinha um supervisor, que sempre visitava a agência onde eu estava trabalhando, e ele era gay. Muito gay. Não que eu fosse homofóbico, mas a delicadeza dos gestos e da forma de falar me incomodavam. Continuei durante os primeiros meses de experiência (pois era uma empresa terceirizada, que contratava promotores para o banco) eu resolvi juntar um pouco mais de dinheiro pra conseguir estudar no ano de 2011. 

O que mais me chamou a atenção durante esse período é que um rapaz, Denis Fazoralle, entrou em contato através do MSN (sim... isso tudo aconteceu na época do Orkut/Msn). Achei extremamente incômodo um cara da capital entrar em contato comigo e eu não saber o que fazer, até que perguntei quem era e como havia conseguido meu e-mail para contato no MSN. Ele respondeu muitas coisas: era uns 3 anos mais velho que eu, mandou algumas fotos (branco, alto, olhos claros, perfeito italianinho), morava no Morumbi, trabalhava na Wolksvagen e algumas outras coisas menos importantes, mas havia encontrado meu MSN numa comunidade do orkut chamada "eu amo quem não me ama". Não fazia ideia do que eu havia postado nessa comunidade, porém continuei a conversa com o Denis a fim de descobrir quem estava por trás daquele perfil fake - achava que era algum amigo ou vizinho do condomínio querendo descobrir algo que não fazia parte da minha personalidade. 

Quanto mais eu conversava, mais eu queria saber como era, o que gostava, sobre o que gostava de ler. Chegamos até a abrir conversa por câmera no MSN, mas houve um pequeno detalhe: a câmera dele nunca funcionava, e não tinha microfone, ou seja, apenas minha imagem e minha voz era transmitida. Ele soube de tudo da minha vida, desde cor de roupa a número do RG. Sabia onde eu morava e com quem eu morava, e eu sabia quase nada sobre ele. Eu estava entregue a uma pessoa que nunca tinha visto na vida e, mesmo assim, conversávamos TODOS os dias e assim ele havia se tornado um confidente, um amigo virtual e eu gostava de poder me abrir para uma pessoa que não fazia parte da minha vida.

Certo dia, o Denis comentou que teria que viajar para Belo Horizonte a trabalho, e passaria o final de semana por lá. Eu, aqui em campinas/SP, fiquei de sexta a segunda sem falar com ele. Para minha surpresa, no sábado me dei conta que, durante o banho, eu estava CHORANDO de saudade de conversar com aquele infeliz que havia viajado para BH. Quando ele retornou, comentei o que havia acontecido, mas também quis saber o motivo de ele ter me adicionado no MSN: ele havia visto minha foto do perfil do Orkut e me achou bonito!

BONITO??? LOGO EU??? 

Nunca segui nenhum padrão de beleza, nunca segui regras de alimentação, descanso e musculação, nunca cuidei do cabelo ou da sobrancelha. E outro homem estava dizendo que me achou bonito? Não... com certeza era algum amigo tirando onda da minha cara. Mas se dar ao trabalho de ficar tanto tempo , por dias, conversando comigo era algo inquestionável: ele era real e estava me dizendo que me achou bonito. Conversa vai, conversa vem, ele resolveu assumir que sentia atração por outros homens, porém nunca se envolveu com ninguém. E eu? Eu nunca tinha beijado! Nem sequer um selinho! O Denis ficou "louco" com a notícia e começamos a trocar experiências e traumas...

Naquela noite, me lembro que olhava para o teto do quarto e conseguia visualizar o rosto dele vindo em minha direção. Me senti leve, feliz. Mesmo assim, era algo que eu precisava guardar apenar pra mim, porque não podia ser gay por causa da família, da igreja, da vizinhança, dos "bons costumes" (detalhe pro instrumento que eu havia escolhido estudar...).


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Carta aberta ao responsável pela minha saudade... (redigido)

Eu sei, eu sei que quando você ler isso vai me chamar de louco, se lembrar de alguns momentos e vai soltar um sorriso ou dois. Solte, por favor. Esse texto é pra você, meu amor!
Vai levar um tempo para as coisas se normalizarem, vez ou outra vai bater a vontade de ligar, de ouvir a voz ou simplesmente de dar aquele abraço que parecia que o mundo ao redor tinha ficado totalmente parado, mas amanhã você, talvez, nem sem lembre tanto. Você ainda vai levar um tempo se questionando, se culpando ou se justificando, mas calma, cedo ou tarde serão só lembranças, e eu garanto, você será a minha lembrança mais intensa.
Eu sei, meu bem, que esse texto pode fazer você se questionar outra vez, mas não é isso que ele pretende. Sua única pretensão é deixar registrado que nada me abateu tão forte quanto o que você me trouxe, esse não é um texto de despedida ou de reconciliação, é um texto de registro, de amor, de amizade e acima de tudo: DE SAUDADE. De alguém que carrega a certeza de que depois desse "nós" a vida nunca mais será a mesma.
Confesso que ainda acordo com saudades, que vez ou outra me arrependo de não ter te implorado pra ficar ou ter feito discursos de que seria seu porto seguro, eu juro, ensaiei vários mas, você sabe, não poderia te falar nenhum. Muito menos sobre todas às vezes que quis te dizer, e disse em olhares, que eu seria infinitamente seu se você resolvesse fazer morada debaixo do meu teto. Perdi as contas de quantas vezes me refugiei no teu abraço, no teu carinho e no teu cuidado que teimava em vir de mansinho. Parecia um caso promissor, e por alguns dias foi, mas a realidade nos obrigou a voltar pra casa.
E convenhamos, não iríamos ficar juntos. Sou impulsivo,e hora ou outra você iria cansar dos meus rompantes de humor. Uma hora o que parecia ser um caso de amor iria terminar com pratos quebrados, promessas não cumpridas e em mais uma das minhas ligações em prantos pedindo perdão. Não me culpe, até eu já cansei de fazer isso... É que eu tenho tantos amores perdidos na alma que até minhas palavras mais doces tem gosto de devassidão. Porém, pra que fique bem claro, em cada momento que teus olhos fixaram os meus a minha alma ganhou segundos de descanso. A cada momento que tuas mãos escorregaram sobre mim, meu ser se engrandeceu como homem e como alguém que não precisava mais se reinventar para ser. Eu, ali, era. E depois de você, continuei sendo, agora sou. Você me fez.
Obrigado!